segunda-feira, 29 de junho de 2015



             Doenças periodontais afetam 

               15% da população mundial



                   Em sua forma mais grave levam até à perda dos dentes.

         Transtorno pode desencadear ou agravar enfermidades, como diabetes.

 
Se lavarmos a cabeça e sair sangue, naturalmente ficaremos muito preocupados. Se lavarmos as mãos e também sangrar, ficaremos preocupados. Então, por que o sangramento da gengiva haveria de ser diferente?” O questionamento do Ph.D em periodontia e pesquisador-sênior da Universidade de Gotemburgo (Suécia) Maurício Araújo alerta para a falta de cuidado das pessoas ao perceber o problema bucal. Ao contrário do que muitos pensam, o sangramento da gengiva não é algo normal, é sinônimo de inflamação. É um sintoma de doenças periodontais, que podem desencadear vários transtornos para a saúde, como halitose, falta de segurança para mastigar e até mesmo a perda dos dentes.
Clique na imagem para ampliá-la e saiba mais (Paulinho Miranda / EM / D.A Press)
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As doenças periodontais são caracterizadas por inflamação e destruição dos tecidos que protegem e suportam os dentes. Em casos mais graves, podem levar os pacientes à mesa de cirurgia. De acordo com pesquisas realizadas pelo especialista, cerca de 15% da população apresenta a doença em sua forma mais grave, consequência de escovação inadequada, do mau uso do fio dental, da falta de consultas ao dentista e até mesmo de hábitos como o tabagismo. Diferentemente das gengivites, que são inflamação apenas da gengiva, elas aumentam o risco de desenvolvimento de outras doenças.

Segundo o professor José Eustáquio da Costa, titular e coordenador da Área de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as doenças periodontais são causadas pelo acúmulo de placa bacteriana ao redor dos dentes. De acordo com ele, vários sinais, além do sangramento, alertam sobre o problema, como gengivas vermelhas e inchadas, que estão recuando ou se afastando dos dentes, fazendo com que pareçam maiores; gengivas soltas ou separadas dos dentes; pus entre elas e os dentes; feridas na boca; mau hálito persistente e dentes mudando de posição. Sobre o que pode desencadear a patologia, o professor esclarece: “Irritações causadas por uma escovação traumática, alguns medicamentos que reduzem a produção de saliva ou ainda fatores relacionados a uma alimentação pobre em nutrientes, principalmente em cálcio e vitaminas, além de alterações hormonais, podem estar relacionados à doença”.

O tratamento é a remoção do causador da doença periodontal, a placa bacteriana. O cirurgião-dentista, com auxílio de instrumentos específicos, realiza procedimentos de limpeza local por meio da raspagem e alisamento na raiz dos dentes. Quando há um aumento de volume na gengiva que não regride com tais procedimentos, há necessidade de se fazer uma intervenção cirúrgica, chamada de gengivoplastia. Além disso, o paciente é orientado sobre técnicas de higiene bucal para evitar novo acúmulo de placa bacteriana ao redor dos dentes.

Maurício Araújo também ressalta que não há uma idade certa para a doença se desenvolver. Pessoas com histórico familiar de perda de dentes devem procurar um dentista para remoção de tártaro a cada três/seis meses. Caso contrário, a visita é recomendada pelo menos uma vez ao ano. De acordo com o professor Eustáquio da Costa, a melhor maneira de prevenir a doença periodontal é cuidar bem dos dentes e gengivas em casa. Isso inclui escovação depois de cada refeição e antes de dormir, uso de fio dental pelo menos uma vez por dia e consulta com seu dentista ou periodontista para exames regulares. “Gastar alguns minutos por dia em medidas preventivas pode poupar tempo e dinheiro no tratamento da doença”, recomenda.

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As doenças periodontais aumentam o risco de desenvolvimento de outras enfermidades. As placas bacterianas penetradas nos espaços entre o dente e a gengiva podem fazer com que as bactérias entrem em contato com a corrente sanguínea gerando um processo inflamatório que pode afetar todo o organismo. Segundo Eustáquio da Costa, a doença periodontal é considerada uma das principais complicações do diabetes, pois esses pacientes são mais suscetíveis a contrair infecções.

A relação entre as duas condições funciona dos dois lados. Assim como o diabetes pode aumentar as chances de uma pessoa desenvolver uma doença periodontal, uma gengiva sadia associada a uma higiene bucal eficiente também pode afetar positivamente os níveis de açúcar no sangue. O especialista ainda destaca que a ligação entre as doenças periodontal e cardíaca é um tema atual no campo da periodontia e que essas enfermidades também podem estar associadas.

Segundo Maurício Araújo, a doença periodontal pode ter um efeito deletério em pacientes com diabetes assim como em portadores de enfermidades cardiovasculares e pulmonares. Pode também desencadear a ocorrência de partos prematuros com nascimento de crianças com baixo peso corporal. Ele ainda destaca que a associação de doenças periodontais com outros transtornos se dá de forma direta ou indireta. “Direta, quando bactérias da doença periodontal contaminam órgãos distantes, como exemplo o pulmão, levando a pneumonia. Indireta, quando o processo inflamatório promovido pela doença periodontal tem um efeito deletério no processo inflamatório de outra doença ou condição sistêmica, como a diabetes.”

Bruxismo infantil no inverno

O inverno chegou, e o bruxismo, hábito de apertar ou ranger os dentes especialmente durante o sono, tem tido incidência cada vez maior entre as crianças de 2 a 10 anos de idade nesta época do ano. De acordo com a odontopediatra e ortodontista Juliana Reis, o transtorno tem ocorrido devido ao aumento das doenças respiratórias que diminuem a taxa de oxigenação sanguínea, aumentando a liberação na circulação das catecolaminas, grupo de importantes neurotransmissores que estimulam a atividade cerebral e a frequência cardíaca. O tratamento depende das causas do desenvolvimento da doença, como também da idade, da intensidade do bruxismo e da quantidade de desgaste dos dentes. Em todos os casos, o controle periódico é essencial, alerta a especialista.

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