terça-feira, 16 de junho de 2015





COMO ERA A CARA DE SANTO ANTÔNIO


João Amílcar Salgado
O dia de Santo Antônio, no ano de 2015, coincide com a revelação do rosto do santo, reconstituído a partir de seus restos mortais. Seu túmulo foi aberto e seu crânio foi tomografado e impresso tridimensionalmente. Os tecidos moles foram acrescentados, em harmonia com a estrutura óssea subjacente, e assim chegamos a saber como era sua feição mais provável. Surge então um senhor moreno, tipicamente um português lisboeta, bastante diferente das imagens disseminadas popularmente. Esse acontecimento é de particular importância para Nepomuceno, porque a cidade está incluída entre aquelas que contam com descendentes da família desse extraordinário santo.
Santo Antônio, antes de adotar o nome Antônio, era o jovem Fernando Bulhões Taveira de Azevedo e viveu de 1195 a 1231.  Parte desta família veio para o sul de Minas com o sobrenome Alves Taveira. Em Nepomuceno uma jovem da família Alves Taveira, de nome Escolástica Alves Taveira, se uniu a Joseph Luiz Garcia, um dos filhos de Mateus Luiz Garcia, o fundador da cidade.  Desse modo, desde cedo, numerosos  descendentes desse casal do início da Vila – os Alves Garcia -  se orgulham de serem parentes de Santo Antônio. Além disso, o genealogista Luiz Franco Junqueira, recentemente falecido,  pesquisava a possibilidade de que as famílias nepomucenenses que levam o sobrenome Alves, tivessem também tal ascendência: são os Alves, Alves Figueiredo, Alves Carrijo, Alves Barbosa e Alves Vilela. A família Taveira de Nepomuceno é a mais genuina e nela quase todos os filhos masculinos e alguns femininos se chamam Antônio e Antônia. Diante disso não é de admirar que os estudantes dos colégios sulmineiros apelidassem Nepomuceno como a terra dos Toninhos. Demais, como Santo Antônio foi maravilhoso pregador, a fama de Nepomuceno como terra dos oradores está perfeitamente explicada.
A Trumbuca ou Trombuca, depois de ser aldeia indígena e quilombo, foi uma fazenda satélite à grande fazenda do Morembá, dos Alves Garcia, sendo que Francisco Alves Garcia – o primeiro Chico Frade, filho de Escolástica e neto de Mateus – foi também o primeiro Taveira do lugar. Daí que o nome cristão da Trumbuca é Santo Antônio do Cruzeiro.  As fotos anexas apresentam os restos mortais do santo, seguidos de uma imagem de Santo Antônio loiro, ao lado de outra em que ele se parece mais com a reconstituição feita, a qual é vista em seguida. Meu grande interesse pelo caso está ligado a meus estudos sobre o branqueamento e até o aloiramento de morenos e negros que se tornaram personagens históricas. 

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